domingo, 16 de março de 2014

Para onde vamos?

Vez ou outra surgem discussões sobre a presença das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) na vida cotidiana. Opiniões divergentes que vão desde a abordagem das TICs como um fator de dessocialização até as vantagens proporcionadas por elas quando bem administradas. 

Esta semana atentei-me para algumas pesquisas divulgadas. Dentro disso, gostaria de conduzir o assunto pelo plano da educação. 

O último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que cerca de 40% dos domicílios brasileiros possuem internet, sendo que apenas 38%  possuem computador. Esses dados, quando transportados para a educação brasileira parecem mais otimistas. De acordo com Cetic-BR (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação), 99% das escolas públicas brasileiras têm computador (se estão instalados ou não, é outra coisa...), 89% dessa fatia têm acesso à internet (se conecta bem ou não, não se sabe...), e a cada 21 computadores presentes, pelo menos 18 funcionam (ufa!). Como disse, apenas parece um cenário otimista.

Mas vamos lá. Concordo, indubitavelmente que a conjuntura social tem se modificado com a presença das novas tecnologias em nossas vidas. Sobretudo no cotidiano de crianças e adolescentes cada mais plugados aos números binários. É claro que governos e docentes não podem ignorar o novo contexto e necessitam atualizar suas metodologias pedagógicas para atender à demanda da nova geração.

Entretanto, creio que uma revolução digital nas escolas brasileiras seria mais bem usufruída se priorizássemos a melhora de nossa situação no ranking de analfabetismo. Hoje, o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial. Segundo o levantamento feito pela Unesco, o Brasil tem puco mais de 13 milhões de adultos analfabetos. Esse índice fica  mais assustador quando complementado pelos números do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) que mostram 38% dos universitários brasileiros com educação "rudimentar" e "básica". O que, ao meu ver, significa o mesmo que ter  quase 40% de universitários brasileiros analfabetos funcionais.

Diante disto, para onde queremos avançar afinal? Para um cenário onde a totalidade dos brasileiros, mesmo analfabetos, tenha acesso à rede mundial ou para um país onde a maioria seja capaz de compreender qual seu papel na sociedade? 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Salve, Cecília!


Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo 
que está onde as outras coisas nunca estão, 
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo: 
quero solidão. 

Meu caminho é sem marcos nem paisagens. 
E como o conheces? - me perguntarão. 
- Por não ter palavras, por não ter imagens. 
Nenhum inimigo e nenhum irmão. 

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada. 
Viajo sozinha com o meu coração. 
Não ando perdida, mas desencontrada. 
Levo o meu rumo na minha mão. 

A memória voou da minha fronte. 
Voou meu amor, minha imaginação... 
Talvez eu morra antes do horizonte. 
Memória, amor e o resto onde estarão? 

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra. 
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão! 
Estandarte triste de uma estranha guerra...) 
Quero solidão.

Cecília Meireles



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

...

Era um rosto que a escuridão poderia assassinar
num instante
 uma face fácil de ferir
com riso ou luz
"À noite pensamos de outra forma"
disse-me ela certa vez
recostando-se languidamente
E citaria Cocteau
"Sinto que há um anjo em mim" diria
"que constantemente escandalizo"
Então sorriria enigmática
acenderia o cigarro para mim
entre suspiros
e erguendo-se alongaria
sua delicada anatomia
deixando cair uma meia

Lawrence Ferlinghetti

domingo, 3 de novembro de 2013

Zaratustra, "por qué no te callas?"

     És escravo? Então não podes ser amigo
     És tirano? Então não podes ter amigos.
    Durante longo tempo se ocultavam na mulher um escravo e um tirano. Por isso a mulher ainda não é capaz de amizade; apenas conhece o amor.
   No amor da mulher há injustiça e cegueira perante tudo quanto não ama. E mesmo o amor consciente da mulher oculta sempre, a par da luz, a surpresa, o raio e a noite.
     A mulher ainda não é capaz de amizade: as mulheres continuam a ser sempre gatas e pássaros.

Nietzsche